quarta-feira, 13 de maio de 2015

Reencontro

Postado por Bia Kollenz às 13:19 0 comentários
   Dois anos passados desde que a moça sumira. O motivo era bem conhecido por Andrei. Ela deixara tudo muito claro na última visita, quando conversaram, namoraram e riram juntos na cama até tarde. No meio da madrugada ele acordou e tudo que encontrou foi uma carta e uma pulseira largada no tapete. A pulseira com a qual a presenteara no aniversário. Eu nunca quis julgar ninguém, mas neste caso me venho obrigado a falar que faltou garra e coragem ao nosso herói. Era muito claro para quem estivesse ao redor que ela era uma moça problemática, triste, precipitada, assustadiça, o tipo de pessoa que se assemelha a uma bomba relógio. Apesar de o tempo que tiverem de amizade e que passaram juntos ter amansado aquele coração vazio, era claro que ela partiria no primeiro momento que visse sua presença escurecer o futuro. Ela se via como um estorvo para Andrei. Na posição de nosso herói, eu não sei o que faria, mas essa não é minha posição nesta história e saber o que fazer é a obrigação dele. Foi com espanto que a encontrou sentada na cafeteria. Um passeio até a capital levou-o de volta a tirana que roubara seu coração. O que faltou no início veio de sobra no fim. Ele andou até a mesa dos fundos, pediu licença e sentou. Vamos agora observar a cena.
   O rapaz senta e olha para a moça de olhos marejados. Ela pensa em esticar a mãos e retrai em meio caminho. Ele então estica seus braços e alcança aquelas trêmulas mãos. Ela cora, sorri e começa a falar. As palavras saem como sussurros, embaçadas pelos soluços e lágrimas que teimam em cair. O rapaz levanta, com movimentos de extrema mestria, muda de local e senta ao lado da moça, tudo isso sem soltar sua mão. Ele abraça e tenta confortar aquela mulher que agora desaba como uma criança. E ele sussurra palavras ao pé do ouvido. Tudo que se consegue escutar da cena é um belo e delicado "obrigada" que escapa dos lábios daquela pobre moça. E seus lábios molhados agora são calados, com um beijo terno e profundo toda a cena chega ao fim.



sexta-feira, 8 de maio de 2015

Café

Postado por Bia Kollenz às 05:08 0 comentários
   Foi com muita dúvida que Leonini entrou no café. Nunca andara por aquelas bandas, mas a sede era tanta que ele se viu obrigado a entrar no estabelecimento. Sentou em uma mesa de canto, notou como era um lugar duvidoso e se contentou com o fato de que não demoraria muito. Veio o garçom e ele pediu uma xícara de café. Enquanto esperava abriu o jornal que carregava e pôs-se a ler. Foi com surpresa que indagou ao garçom o que era aquilo quando o mesmo lhe entregou um envelope ao invés de uma xícara:
- Isso é exatamente o que o senhor pediu, uma xícara de café.
- Você por acaso acha que estou louco? Estou olhando nitidamente uma carta e não a porcaria de um café!
- Mas Senhor, é exatamente do que o senhor precisa, seu café.
   Levantou então aos xingamentos, carregando o envelope e esquecendo o jornal. Teria jogado fora se não contasse o seu sobrenome no remetente. “Ao Sr. Beloto” era o que dizia, em seu conteúdo apenas o endereço da próxima esquina. Foi com curiosidade que caminhou até a lá. Mal chegou, quando um camarada alto e careca, com uma baita japona preta lhe abordou. Perguntou se ele era o Sr. Beloto, ele acenou que sim. Recebeu de recompensa três tiros à queima roupa.
   Na cafeteria, o Ex.mo Marcontes, dono da boca, questionava o garçom o porquê do Sr. Beloto estar alegremente sentado em sua mesa, lendo o jornal e tomando café em vez de estar morto. O garçom temeroso respondeu que entregara a carta como exigido e que o vira seguir até o endereço.

   Sentado sem fazer a menor ideia de sua sorte, Tony Beloto apreciava o café e se punha a par das notícias do dia, sabia que seria corrido.
 

Melancholia Template by Ipietoon Blogger Template | Gadget Review