Foi com muita dúvida que Leonini entrou no café. Nunca andara por aquelas
bandas, mas a sede era tanta que ele se viu obrigado a entrar no
estabelecimento. Sentou em uma mesa de canto, notou como era um lugar duvidoso
e se contentou com o fato de que não demoraria muito. Veio o garçom e ele pediu
uma xícara de café. Enquanto esperava abriu o jornal que carregava e pôs-se a
ler. Foi com surpresa que indagou ao garçom o que era aquilo quando o mesmo lhe
entregou um envelope ao invés de uma xícara:
- Isso é exatamente o que o
senhor pediu, uma xícara de café.
- Você por acaso acha que estou
louco? Estou olhando nitidamente uma carta e não a porcaria de um café!
- Mas Senhor, é exatamente do que
o senhor precisa, seu café.
Levantou então aos xingamentos, carregando o envelope e esquecendo o jornal.
Teria jogado fora se não contasse o seu sobrenome no remetente. “Ao Sr. Beloto”
era o que dizia, em seu conteúdo apenas o endereço da próxima esquina. Foi com
curiosidade que caminhou até a lá. Mal chegou, quando um camarada alto e
careca, com uma baita japona preta lhe abordou. Perguntou se ele era o Sr.
Beloto, ele acenou que sim. Recebeu de recompensa três tiros à queima roupa.
Na cafeteria, o Ex.mo Marcontes, dono da boca, questionava o garçom
o porquê do Sr. Beloto estar alegremente sentado em sua mesa, lendo o jornal e
tomando café em vez de estar morto. O garçom temeroso respondeu que entregara a
carta como exigido e que o vira seguir até o endereço.
Sentado sem fazer a menor ideia de sua sorte, Tony Beloto apreciava o
café e se punha a par das notícias do dia, sabia que seria corrido.
0 comentários:
Postar um comentário