sábado, 11 de abril de 2015

Apartamento 202

Postado por Bia Kollenz às 06:39
   Está um bocado vazio aqui dentro. E eu falo vazio, não só dentro desta casa, mas também dentro deste peito. Meu peito. Também estou muito cansada, essa paz toda não rende. Ela me prende, sufoca, grita em meus ouvidos. O grito mais ensurdecedor do mundo é o grito do silêncio. Corta como faca.
   Eu não queria essa vida. Não queria morar nessa casa. Não sei o que deu na cabeça me estabelecer em um tradicional bairro de família. Eu gosto do estouro, do tumulto, da carne sangrando e da vida fluindo. Mas eu vim parar aqui. Você avisou e agora digo que teve razão. Estou vazia. Entediada. Odeio isso
Minha vida tem se dividido entre trabalho, casa, mais trabalho e no final eu esperando por você. Passo o tempo contando os dias até você vir me ver. Você é o único agito que existe agora. A única razão de viver. O sol está batendo na janela. Tão quente que acho que vai derreter as paredes, o prédio eu e o mundo. O bairro é realmente bom e seguro. Em pleno fim de semana e só escuto as cigarras. Também ouço o sol rachando. Você vem logo não é?!
   No outro fim de semana esperei e esperei. Isso continuou o tempo todo. Na sua casa ninguém atende. Sua família não fala onde você está. Acham que me enganam dizendo que eu deveria entender. Seu irmão me passou o endereço errado de novo, tenho certeza que não me quer ver encontrando você. Essa semana tentei seguir aquele papelzinho que ele passou, tentei ver se dava em outro número. Vai ver o seu irmão errou. Mas não adiantou, acabei parando no mesmo lugar. Não sei a graça que ele viu em me dar o endereço de um cemitério.

1 comentários:

Bianca disse...

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