Olhando bem a Rua dos Limoeiros não era bem o que aparentava. Embora
fosse uma rua em um bairro tradicional da cidade de Montanhosa, era repleta de
velhas casas abandonadas. Mas apesar de parecer sombria a imagem de um local
com casas velhas e decrépitas, não havia nada de assustador na Limoeiros. Ou era
pelo menos a impressão que passava. Tinha várias árvores, calçadas conservadas,
poucas residências. Não parecia um lugar desagradável.
Carlos Henrique, bom morador de Montanhosa, rapaz digno e trabalhador,
estava seguindo sua rota normal pelo bairro São Joaquim, o fatídico local que
abrigava a Rua dos Limoeiros. Era agente sanitário da cidade. O trabalho do dia
consistia em visitar casas para o combate a dengue. A rua retratada nesta
história era abrigada de muitos prováveis focos da doença. Casas velhas e
locais abandonados eram cheios de locais para abrigar água parada da chuva, e consequentemente
abrigar as larvas do temível mosquito.
Apesar de ser obvio que a rua em questão fosse um local necessário de se
visitar, nunca tinham destacado alguém para fazer a rota pela tal rua. Carlos
seguiu seu caminho pelo bairro em direção a Limoeiros. Não precisaria de
licença para invadir as casas, só precisava entrar nas devidas moradias e
acabar com os focos da doença. Trabalho rápido devido às dimensões da
localidade.
As coisas ficaram meio estranhas no momento em que ele cruzou a esquina
que dava acesso a Limoeiros. Quando ele botou os pés no primeiro centímetro da
calçada, uma brisa fria o atingiu, apesar de ser janeiro. Sentiu um arrepio em
seus braços e a leve sensação de que algo o seguia. As muitas folhas que
existiam pelas calçadas eram sopradas pelo vento lançando um barulho aterrador
enquanto ele caminhava rua adentro. Ele sentiu um medo incontestável. Embora a
rua fosse abandonada, tinha a sensação de estar com mais alguém ali.
O medo levou Carlos a desistir de fazer essa parte da rota. Não
aguentaria nem mais um minuto naquele lugar. Quando se virou para redobrar a
esquina e se ver livre de tal rua aterradora teve um choque. Os poucos metros
que havia andando rua adentro, agora pareciam quilômetros sem fim. Enquanto
mais andava para sair de seu aprisionamento, mais parecia que havia caminho a percorrer.
O desespero foi à primeira coisa que o atingiu. A segunda foi à certeza
de que iria morrer sem nunca mais sair dali. Das sombras ouviu o primeiro passo
e com ele veio o seu fim.
1 comentários:
Beatriz, você escreve muito bem.
Gostei da ambientação antes de introduzir a ação.
E seu blog tem um visual encantador.
Beijo!
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