- Mas mãe, eu não
quero dormir no meu quarto!
- Não tem mais
desculpas Pedro, você já vai fazer sete anos. Já é um mocinho, não pode mais
dormir com a mamãe e o papai.
- Mãe, os monstros
vão me pegar. Eles querem me levar embora. Eu tenho medo!
- Chega disso
Pedro. Escute sua mãe. Acabou essa choradeira, você vai dormir no seu quarto.
Não quero ouvir mais nenhuma palavra desse assunto.
Foi assim que se
iniciou a noite na casa dos Nogueira. Mais uma vez seu filho reclamava de
dormir no seu quarto, mas Alberto já tinha decidido por um fim nessa história.
Desde os três anos, quando Pedro havia deitado pela primeira vez em um quarto
novinho e só seu, ele chorava e ia dormir com os pais. Era sempre a mesma
história. Monstros se escondiam no escuro e diziam que o levariam.
Foi na primeira
noite dos três anos que os pais de Pedro acordaram pela primeira vez assustados
com barulho do filho gritando e esmurrando a porta. O menino se encontrava assustado,
chorando e com a roupa manchada de sangue devido a um machucado no cotovelo.
Por todos esses anos eles evitaram então deixar o menino sozinho, entretanto
depois que a terapeuta havia dito ser importante ensinar o garoto a enfrentar
seus medos, concordaram em insistir no assunto do quarto. Arrastaram então
Pedro e trataram de fechar a porta com chave para o menino não fugir.
Foi uma noite
agitada, escutaram o menino gritando, mas a dureza de Alberto não permitiu que
sua esposa regatasse o menino. Quanto mais a criança batia na porta e pedia
para sair, maior era a resolução do pai.
Na manhã seguinte
quando abriram a porta do quarto depararam com um cenário de guerra. Todos os
brinquedos e roupas estavam espalhados pelo chão, à cama se encontrava revirada
e havia sangue no edredom. Contudo, o mais assustador foi o vazio do local. Não
se avistava criança alguma, apenas marcas de unha de alguém que outrora se
agarrara a porta.
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