quinta-feira, 19 de março de 2015

Terceiro andar

Postado por Bia Kollenz às 07:48
   Corri escadas acima desesperada. Tropecei nos degraus e quase caí. Acabei torcendo um pouco o tornozelo, mas isso não me impediu, corri como se não houvesse amanhã. Corri porque ao final de tudo estava a minha felicidade. Eu corri como nunca tinha feito na vida, lágrimas caíam pela minha face, em meu peito o coração parecia explodir.
   Cheguei ao fim do quinto andar, bati na terceira porta e esperei que ele atendesse. Enquanto os segundos passavam, milhões de imagens surgiam na minha cabeça. Nós passeando pela praça, indo ao cinema, abraçados em um dia frio. Ouvia a voz dele me dizendo “eu te amo.” Eu ficava revivendo a minha resposta, o silêncio. Na minha mente a imagem dele se afastando desolado não parava de repercutir. O vazio que eu senti quando percebi que não haveria mais nós dois gritava e me tragava. Eu só podia repetir “Não é tarde! Ainda não é tarde!”
  Ele então abriu a porta. Primeiro surpreso, depois calado. Eu tinha que agir, falar tudo que queria. Dizer claramente o porquê de estar ali.
   “Desculpa vir tão tarde... eu tentei fugir, mas não consegui. Você disse que me amava, não disse? Disse também que era a última vez que esperaria por mim, não é? Sinto muito por demorar, mas é que eu não podia. Olha eu tenho esse muro em volta do meu coração e ele é feito para não deixar ninguém se aproximar, porque os outros podem me machucar. Eu já sofri muito. Eu sei que você é diferente, você me mostrou isso tantas vezes mas é que eu tenho medo. Mas quando você sumiu...Quando eu vi que não existiria mais nós eu sofri. Eu não quero te comover para você mudar de ideia e não dizer que é tarde demais, mas eu realmente chorei muito. Droga, estou chorando de novo. Você sabe que eu odeio chorar! Certo! Eu quero ficar com você. Eu te dou meu coração, e te deixo quebrar essa barreira que existe envolta de mim porque eu não tenho mais medo. Você pode partir meu coração, eu deixo. Acho que ficar sem você dói mais.” Ele não disse nada só havia o silêncio. “Droga diz alguma coisa. Por favor.”
   “Deve estra meio frio aí no corredor e os vizinhos devem estar adorando te ouvir. Quer entrar?”
   “É claro seu idiota.”
   “Mas só deixo com uma condição: você tem que prometer ficar aqui para sempre. E também quero ouvir você dizer aquelas três palavrinhas de novo.”
   “Babaca! Tá bom, eu prometo!”
   “E...?”
   “Droga, EU TE AMO.”
   “Ok, agora pode entrar.”

   Ele então me abraçou. Nós dois choramos juntos, depois percebemos que a porta estava aberta. Rimos juntos, fechamos a porta e no caminho da cozinha acabamos nos beijando e caindo no sofá. Nunca senti tamanha felicidade. Agora sabia onde ela tinha se escondera o tempo todo, bem aqui.

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