quinta-feira, 9 de abril de 2015

Balé

Postado por Bia Kollenz às 11:53
   Corria em direção ao estúdio com toda a velocidade que podia. Ia em direção ao seu refúgio, o único lugar que fazia se esquecer de tudo. Virou a esquina, atravessou a faixa de pedestres, o sinal em vermelho e parou em frente a uma porta de vidro. No alto liam-se as palavras "Estúdio de Balé Cassius Bergini".
   Tocou o interfone, esperou alguém atender e abrir a porta. Subiu as escadas escuras em direção à recepção. Falou com a atendente, cumprimentou quem encontrou no caminho e se fechou em uma sala. Eram só ela, o tablado, o espelho e as traves.
   Ligou o rádio e deixou-se envolver. Alongou os músculos, os braços e as pernas. Relaxou com o som das caixas de som. Começou então a dançar. Sem seguir nenhuma coreografia nem nada planejado, era apenas o corpo dela respondendo a música. Sentia nos ossos as notas musicais. Expressava com o corpo o que a alma dizia. A cada passo se esquecia da dor, dos problemas, das contas chegando, dos atritos no trabalho. Esquecia-se de tudo e no final nem lembrava mais o que a tinha trago até ali. Era feliz. Só alcançava a plenitude quando podia dançar pelo salão. Entre pliés e tantos passos de balé, finalmente se sentia viva. Dançou até o mundo sumir. Até seus pés sangrarem dentro das sapatilhas e a dor impedir de dar um movimento a mais.

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